O começo: anos 10
David Griffith é considerado o pai da linguagem cinematográfica. Ele usou elementos do teatro para compor "O nascimento de uma nação", primeiro longa-metragem produzido. Entre eles, a demarcação de três paredes (uma à esquerda, outra à direita e outra atrás), o plano aberto e o tom farsesco do Vaudeville. Na época, os filmes (como os de Griffith) traziam algumas ações simultâneas, sem enfoque e expressão clara. Contrapondo-se a essa confusão, a linguagem clássica (surgida mais tarde) estabeleceu a ordem das ações. No primeiro ato é apresentada a situação em equilíbrio. No segundo, esse equilíbrio é quebrado e há tentativas de se recuperá-lo (as peripécias). A tensão inclui o clímax. No terceiro e último ato há um rearranjo da situação e o desfecho. Esse tipo de linguagem está muito presente em filmes contemporâneos, como mostrou o diretor. O autor que a pesquisou e sistematizou foi Syd Field. Seus ensinamentos são seguidos fielmente por roteiristas hollywoodianos.
Cinema de Arte: anos 20
Se o início foi um pouco tortuoso, na década seguinte o cinema adquiriu aspectos das vanguardas da época, como explicou Philippe. O Surrealismo, por exemplo (bem representado nas obras de Luís Buñuel), trouxe a exploração de situações absurdas e invertidas para a tela grande. Já o Expressionismo (forte no cinema alemão) valeu-se de maquilagens pesadas, closes e repetições de imagens para transmitir conceitos da corrente artística. Uma imagem passou a se aproximar de outra não só por cortes, mas por formas. Segundo o cineasta Phillipe Barcinski "Depois de todas as experiências do Modernismo, ficou difícil ser mais 'moderno'. Talvez essa seja a grande crise da pós-Modernidade".
Anos 60
Filmes com abordagem artística ganharam mais espaço nos anos 60, com a crise dos grandes estúdios. O cinema clássico tornou-se desinteressante, e as vanguardas fizeram sucesso, contou o cineasta. Nesse contexto, foram produzidas na França obras de Jean-Luc Godard e François Truffaut. No Brasil, surgiu o Cinema Novo, que teve Glauber Rocha como principal expoente. Philippe fez um paralelo entre a obra do diretor e o Tropicalismo: Há combinações de elementos variados, há um execesso de estímulos. É o oposto do modelo clássico apresentado por Syd Field.
O período rendeu inovações, como cortes descontínuos, excesso de luminosidade e o princípio de "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça" (desenvolvido por Glauber). No entanto, anos mais tarde o mainstream tratou de absorvê-las. O público tolera procedimentos arrojados, contato que se conte bem uma história.
Anos 70 e 80
As experimentações dos anos 60 deram espaço a um cinema autoral na década seguinte, representado por diretores como Francis Ford Coppola e Martin Scorsese. Os anos 80, por sua vez, sinalizaram um retorno da indústria às fórmulas de sucesso. Obras de George Lucas e Steven Spielberg, por exemplo, garantiram grandes faturamentos em bilheterias.
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